Homenagens, espetáculos circenses e dança fizeram a diferença na disputa dos Blocos Tradicionais do Grupo A

08/03/2011 16:02

Homenagens, espetáculos circenses e dança fizeram a diferença na disputa dos Blocos Tradicionais do Grupo A

Por Soraya Saldanha,
Valquiria Ferreira e Núbia Lima


A festa de sábado gordo de carnaval na passarela do samba, deu início na tenda de concentração às 16h com o grupo de samba “Divina Batucada”, e quem também animou os foliões, foram às rodas de tambor de crioula ao redor da passarela. Abrindo a noite às 19h com suas batidas fortes e marcantes os blocos tradicionais do grupo A trouxeram para a passarela, muito brilho, charme e empolgação, e o primeiro bloco a passar, foi “Os Dragões da Liberdade”, com suas cores amarelo, laranja e verde.

Cantando “sou arlequim, sou pierrô, sou brincalhão...” de Roberto Ricci e Silvio de Freitas, o Pierrô do bairro Cohatrac, passou com muita alegria, e nem a chuva conseguiu desanima-los. Dando um show de irreverência e cor, o grupo “Príncipe de Roma” que vem do bairro da Madre Deus, com o tema “Tantos risos, quantas alegrias, no palco da folia” encantou os foliões presentes, com um grande espetáculo circense a parte, trazendo malabaristas, trapezistas, pernas de pau, mágicos, onde encantou muitas crianças, fazendo uma verdadeira estripulia no seu desfile.

Em comemoração aos 15 anos de existência, o bloco “Os Feras” composto por 110 brincantes desfilou na passarela, cantando “É Feras, é Feras, é Feras meu amor, minha paixão, é Feras. O meu amor é só esplendor”. Recepcionados com vários fogos de artifícios, os foliões fantasiados nas cores amarelo e branco desfilaram contagiando de alegria a todos. Aos 11 minutos de apresentação do bloco, o cronômetro parou de funcionar, mesmo assim a equipe conseguiu evoluir no tempo indicado, de 15 minutos.

O interprete J. Júnior apresentou o samba de enredo “É só esplendor o Baile dos Feras”, para ele, o grupo evoluiu acima das expectativas. As fantasias idealizadas pelo figurinista Flauberth, trouxe detalhes das apresentadas nos anos anteriores.

Com 34 anos de existência, o bloco presidido por Cláudio Mendes, “Os Foliões” apresentou o samba “Amor Folião, a chama da paixão”. Em baixo de chuva os brincantes estavam com fantasias que pareciam com o dragão e não se intimidaram em meio ao temporal.

Muitos foliões cantavam e dançavam ao som dos blocos do grupo A. “Mesmo debaixo de chuva o carnaval está uma delícia e espero que melhore ainda mais. Não troco a folia de São Luis, por nenhuma do interior. O Carnaval daqui é lindo, é tranqüilo e tem muita beleza”, contou o professor Claudiomar Vasconcelos, 27 anos, morador da Madre Deus. Naize Pinheiro, do Bairro do Angelim, disse: “Estou gostando do carnaval, estou me divertindo muito”. O adolescente, Hugo Luiz Diniz, 13 anos, contou estar muito satisfeito com a folia, devido à inovação dos blocos.

Quando a chuva deu trégua, “Os Versáteis” com fantasias lembrando os antigos fofões homenagearam na passarela Nelson Brito, o guerreiro da cultura popular. O samba relatava a vida do homenageado. Com muito colorido “Os Versáteis” fez sua apresentação com os 70 componentes e mostrando seu brilho na passarela.

“Os Magnatas” do Bairro de Fátima, presidido por Luis Fernando Cantanhede, o “Estranho”, apresentou o samba “Minha Ilha é uma rosa, uma rosa cor de rosa” interpretada por Vicente Mel. As belas fantasias na rosa foram criadas pelo figurinista Marcos Preto. O bloco entrou na Avenida distribuindo rosas na cor rosa, para as pessoas que prestigiavam a apresentação.

O grande campeão de 2010, “Os Vampiros”, do Bairro da Cohab, sob direção de Aviro Rocha, deu um show de luxo. Nas cores: roxo, branco e amarelo, simbolizando os guerreiros imortais, e o sol, símbolo da Pérsia, o figurinista Wadson Câmara, 28 anos, criou as fantasias.

Os 110 integrantes apresentaram o samba “Do luxo a alegria, sou príncipe da Pérsia no reinado da folia”. Com a conquista de títulos em 2001, 2002 e 2010, o bloco luta para ser novamente campeão em 2011. Amigos e simpatizantes do bloco colocaram no camarote a faixa com a seguinte frase, “Da Pérsia ao Maranhão, o clube dos amigos e “Vampiros” de coração”.

Em forma de gratidão o bloco “Vinagreira Show” criado em 1991 homenageou João Evangelista, um dos grandes incentivadores e patrocinador do bloco, que faleceu no ano passado vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). “João, o sonho não acabou” foi o samba interpretado por Bruno e Rafinha, na noite de sábado.

Reconhecendo o valor e o sucesso da cantora Alcione, a eterna Marrom, “Os Vigaristas” do Cohatrac, apresentaram o tema “Alcione vida e melodia, uma história uma canção”. O samba relatava a vida da cantora Alcione, suas conquista e também destacava alguns trechos de seus grandes sucessos como garoto maroto, não deixe o samba morrer. O bloco “Os Vigaristas” é o recordista de títulos, com dez conquistas.

Outro bloco que se apresentou foi o “Kambalacho do Ritmo”, do Anjo da Guarda, chegou em cima da hora para desfilar, e apresentou o tema “Bodas de Prata”. Com fantasias criadas por Raylson Durans, na cor branca e prata, o bloco comemorou os 25 anos de existência.

Já na madrugada de domingo (06), os “Mensageiros da Paz”, Liberdade, entrou na Passarela do Samba embalando o público presente nas arquibancadas e ao longo da concentração com o samba do primeiro ano do bloco, de 1985, “Branco é Paz, Beleza e folia, Sou Mensageiro da Alegria”. Para o presidente, Arenilson Soares, Ney, a música é uma mensagem para os foliões durante o carnaval. “A gente quer proporcionar o que o samba diz”, contou.

E esse é o objetivo da maior festa popular; confraternização e alegria. Foi pensando assim que Andréia Silva, 28 anos, Natália Ferreira e Andressa Cristina, as duas últimas de 11 anos, integrantes do grupo, resolveram aproveitar a folia momesca. Tia, sobrinha e filha mostraram animação e satisfação ao pularem carnaval juntas pela primeira vez. “Já saia no grupo há outros anos, mas estou aqui cumprindo uma promessa que fiz a elas. Se elas passassem na escola desfilaríamos juntas nesse ano”, explicou a foliã.

“Os Tremendões”, bloco tradicional do bairro da Camboa, que coleciona nove títulos de campeão no carnaval ludovicense – último em 2006 -, levou luxo nas fantasias que lembravam cartas de baralho se referindo ao enredo “Verso e Reverso, o Jogo da Vida” interpretado por Adão Camilo, Mauro e Negro Jô. “O samba fala sobre as circunstancias da vida. Um dia podemos ganhar e no outro perder, rir ou chorar”, comentou o Presidente da agremiação, Wellington Reis.

E nessas ‘tais circunstâncias’ os integrantes dos Tremendões, ainda na concentração, mostravam garra e experiência para conquistar mais um título. Enquanto isso, minutos antes do desfile, Juliene Cruz Melônio, 17, mordia os lábios e contia o nervosismo ao estrear na avenida. “Estou muito nervosa. É a primeira vez que desfilo no carnaval e ainda mais representando os Tremendões”.

Por volta da 00h40, foi a vez do “Os Reis da Liberdade” iluminarem a passarela. Com o tema “Horus, o Deus do Clarão” lembraram a mitologia grega do Senhor do Sol, sua representatividade absoluta relacionando a realidade da presença do ‘astro rei’ e suas elevadas temperaturas nas cores amarelo ouro, laranja e vermelho. Na linha de frente, 15 mulheres representaram a deusa grega Osíres com coreografia e indumentárias modernas e sensuais.

Tradição e originalidade. Assim foi o desfile do “Os Brasinhas”, grupo do bairro Desterro. Falando do surgimento da lenda Olho d’Àgua emocionou o público e os 91 integrantes que cantavam cada estrofe do samba de Alysson Ferreira, 26, “Mãe das águas se enamorou, Olho d’Àgua se criou”. Essa é a segunda composição dele para o bloco, mas vem já desenvolvendo o trabalho autoral há 7 anos. “Oh, oh, oh, A Rainha das Águas seu poder mostrou. De uma paixão indígena o amor, aconteceu; filha de Itaporama seu grande amor pra mãe d´Água perdeu.”

A fantasia foi outro destaque a parte. Em azul e branco revelou as belezas e os mistérios do mar caracterizados pela riqueza de detalhes, cuidadosamente bordados à mão. A presidente, Silvana Fontinelle, estava nervosa e confiante com a apresentação. “Estamos na expectativa de levar esse título”.

O clima dos antigos carnavais foi lembrado pelo “Os Guardiões”, bloco da Rua Cândido Ribeiro, Centro, fundado em 2005. 70 integrantes desfilaram luxo e esplendor nas cores roxo, rosa e branco como dizia o tema “Glamour, a folia das Máscaras”.

Não só a folia foi lembrada nos desfiles, como também a liberdade de imprensa, pelo tradicional “Arlequins de Ouro” do Monte Castelo, ao homenagear um dos jornais mais antigos do Maranhão com o samba “O Imparcial, como todo jornal tem que ser!”. E encerrando a segunda noite de desfiles de Blocos Tradicionais do Grupo A, ás 02h15, “Os Diplomáticos” contaram a história do berço da cultura maranhense, no samba de Godinho, “Semente Francesa, Raiz Africana”. Agremiação tem 14 anos, mas ainda não conseguiu título de premiação, motivação que garantiu alegria dos integrantes.

Os blocos tradicionais do grupo A estão concorrendo ao título e passam por uma avaliação detalhada por 15 jurados, que analisam desfile, fantasia, ritmo, letra e melodia.

Fonte:

https://www.jornalpequeno.com.br/2011/3/7/homenagens-espetaculos-circenses-e-danca-fizeram-a-diferenca-na-disputa-dos-blocos-148349.htm


www.osvampiros.com